Artesanato
Na sua forma mais genuína, as actividades artesanais faziam parte do quotidiano do meio rural. Isoladas, as populações serranas tinham de suprir todas as suas necessidades mais imediatas, socorrendo-se dos recursos locais e do seu engenho.
Cestaria
A cestaria era uma actividade tradicional bastante implantada que servia de suporte financeiro a inúmeras famílias. Divide-se em cestaria tradicional e de junco, com a produção de vestuário para proteger os pastores do frio e da chuva.
A sua técnica reverte-se para a colagem das «tiras» (nome atribuído à madeira cortada e tratada), umas na vertical e outras na horizontal, em quantidade variável e de acordo com o artigo pretendido. Estes produtos são feitos com madeira de mimosa, salgueiro, amieiro, freixo, carvalho e castanheiro.
Esta actividade tem vindo a desaparecer, devido à concorrência dos plásticos, mas ainda subsiste em regiões onde o artesão foi capaz de se adaptar às novas circunstâncias, passando a ter uma função essencialmente decorativa.
O cesteiro fazia todo o tipo de cestas e cestos necessários às várias tarefas agrícolas e do quotidiano: o canastro, o cesto vindimeiro, a cesta da feira, etc. Nas freguesias de Ermida, Germil e Entre-Ambos-os-Rios, surge um cesto de forma única: quadrado do fundo até meia-altura, alarga-se depois, tomando uma forma arredondada.
Quanto à cestaria de junco, os seus principais produtos são a croça (capa colocada sobre os ombros), o croço (croça sem capucho) e o corucho (protecção para a cabeça). Estes produtos faziam parte do vestuário das zonas serranas, visto que constituíam uma protecção eficaz para o frio e a chuva. Em quase todas as povoações, existia um artesão mais habilidoso que fornecia os vizinhos. Também estas peças perderam a sua função original, ganhando actualmente uma função decorativa.
Tecelagem em lã
Numa paisagem agreste e de altitude, com um coberto vegetal pobre, a criação de gado ovino e caprino surge naturalmente. A ovelha e a cabra não só asseguravam um rendimento mais ou menos seguro, pela venda de crias, como abasteciam as famílias de leite e carne. Mas numa região de invernos rigorosos e de actividades económicas que obrigavam a percorrer os cumes das serras com vento, chuva e neve, a ovelha fornecia ainda uma importante matéria-prima: a lã.
Pisoada (batida num engenho de forma a tornar-se mais resistente e maleável) ou apenas tecida, a lã dava resposta a quase todas as necessidades de vestuário da população: capas, calças, meias, calções, gorros, mantas, cobertores, etc.
Desvalorizadas por alguns, dada a sua rusticidade, a verdade é que estas peças são manufacturadas com uma lã pura e segundo técnicas tradicionais.
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