Geologia e clima


Geologia, hidrologia e clima do Parque Nacional da Peneda-Gerês

Geologia

O Parque Nacional da Peneda-Gerês caracteriza-se por ser uma zona em que o relevo fortemente acidentado e os pronunciados declives, bem como os inúmeros afloramentos rochosos, são as marcas dominantes.

Trata-se de uma região essencialmente granítica, fortemente fraturada, se bem que se verifica também a presença de uma importante mancha de rochas metasedimentares (xistos) e de depósitos de origem glaciar, como moreias ou blocos erráticos.

No decurso da orogenia varísca ou hercínica instalaram-se as rochas graníticas. As mais antigas, datando de há pouco mais de 300 milhões de anos, afloram nas serras do Soajo e Amarela, no planalto de Castro Laboreiro e no extremo oriental da serra do Gerês. Os granitos recentes (29 milhões de anos) afloram nas serras da Peneda e do Gerês conferindo-lhes um relevo mais vigoroso.

A falha geológica do Gerês-Lobios (Espanha) relaciona-se com tensões tardi-hercínicas que levaram a uma fraturação tardia que cortou e deslocou os granitos da região. A falha possui uma direção NNE-SSE, sendo responsável pela deslocação dos vales dos rios Cávado e Homem e pelas nascentes termais da Vila do Gerês e do rio Caldo (Espanha).

No Quaternário ocorreram importantes variações climáticas. As glaciações, então registadas, atingiram as latitudes médias deixando marcas evidentes nas serras da Peneda e do Gerês, de que são exemplo o vale em U do Coucelinho e moreias glaciares evidenciando a ação de antigos glaciares.

É uma zona montanhosa, com altitudes que chegam aos 1545 m, em Nevosa (serra do Gerês), de fortes declives, onde a presença de diferentes níveis de chãs é frequente.

A grande quantidade de vales e corgas é aproveitada pelos rios, dando lugar a uma rede hidrográfica de grande densidade, composta por um conjunto de afluentes e subafluentes que correm, de um modo geral, por vales agudos de encostas escarpadas.

A área do Parque Nacional faz parte das áreas de influência dos rios Minho, Lima, Cávado e Homem – como os mais importantes – que compartimentam o maciço granítico, individualizando as diferentes serras:

  •  Serra da Peneda, definida pelos rios Minho e Lima;
  •  Serra Amarela, definida pelos rios Lima e Homem;
  •  Serra do Gerês, definida pelos rios Homem e Cávado.

Geologia





Clima no Parque Peneda-Gerês




A temperatura média anual é de 13ºC devido à influência oceânica, com amplitudes térmicas elevadas. As temperaturas mais elevadas dão-se entre julho e setembro, enquanto que as mais baixas correspondem ao período entre dezembro e fevereiro. O período de risco de geadas é elevado durante praticamente todo o ano.

Todas as variáveis caracterizadoras do clima da região sofrem modificações com a alteração da altitude e da zona: à medida que caminhamos para o interior produz-se uma continentalização do clima, com uma diminuição das precipitações e um aumento das amplitudes térmicas diárias; por sua vez, ao aumentar a altitude, produz-se um aumento das precipitações e uma diminuição das temperaturas.

A localização deste território (entre o oceano Atlântico e os ambientes climáticos do interior da Península) e a configuração do relevo condicionam, assim, as características climáticas da região e determinam o tipo de clima existente, o que, por sua vez, condiciona tanto o manto vegetal e as características dos solos como a maneira de estar e o modo de habitar das gentes.

Habitats do Parque Nacional da Peneda-Gerês

Entre os habitats mais característicos do Parque Nacional da Peneda-Gerês destacam-se:
  • O carvalhal, floresta mista de árvores de folha caduca e de folha persistente, onde podemos encontrar espécies emblemáticas da flora, como o azevinho Ilex aquifolium e a orquídea Orchis mascula e da fauna, como o corço Capreolus capreolus, a víbora-cornuda Vipera latastei e a víbora de Seoane Vipera seoanei;
  • Os bosques ripícolas, com a presença do teixo Taxus baccata, do amieiro Alnus spp., do freixo Fraxinus spp. e do feto do Gerês Woodwardia radicans, mas também da lontra Lutra lutra, do lagarto-de-água Lacerta schreiberi, da salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica ou do sapo-parteiroAlytes obstetricans;
  • As turfeiras e matos húmidos, habitats raros e vulneráveis que se desenvolvem em solos encharcados, propícios à existência das bolas-de-algodão Eriophorum angustifolium, da orvalhinhaDrosera rotundifolia e da pinguícula Pinguicula lusitanica, a nível da flora, e da narceja Gallinago gallinago, do pato-real Anas platyrhynchos , da salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra ou do tritão-de-ventre-laranja Triturus boscai, a nível da fauna;
  • Os matos de substituição, piornais, urzais, carquejais, tojais e giestais, que ocupam antigas áreas de carvalhal, onde podemos encontrar o alho-bravo Allium scorzonerifolium, a arméria Armeria humilissubsp. humilis, o lírio do Gerês Iris boissieri, ou o narciso-bravo Narcissus rupicola, mas também o lobo-ibérico Canis lupus, a águia-real Aquila chrysaetus, o bufo-real Bubo bubo ou a cabra-montesa.


As Urzes do Parque Peneda-Gerês

Fauna e Flora do Parque Peneda-Gerês


Parque Peneda-Gerês - Fauna e Flora

Tanto na fauna como na flora, a serra do Gerês é a mais rica de Portugal.

Em 1971 foi criado o Parque Nacional da Peneda – Gerês que abrange a serra do Gerês e parte da serra da Peneda. Um conjunto com a área de 71.422 hectares.

A serra do Gerês é de natureza granítica e beneficia de um clima temperado Atlântico. Por vezes atinge os 3.000 mm de precipitação anual que é o máximo registado em todo o continente português.

Entre os 1.400 e os 1.200 M encontram-se o Teixo, o Vidoeiro e o Pinheiro. Nesta serra, o pinheiro atinge por vezes uma altura entre os 15 e os 20 M de altura, o que não sucede noutro lugar em Portugal.

Até aos 1.200 M a arborização é densa, apresentando exemplares de grande porte, espécies como o carvalho, o azereiro e o medronheiro, por exemplo.

De entre a flora característica e única desta serra, salienta-se o hipericão-do-gerês, usado com fins medicinais.

Quanto à fauna, a serra do Gerês, é a região do País mais rica em caça grossa:

Javalis
Lobos
Veados
Texugos
Lontras
Martas
Tourões
Etc.
Outra espécie rara que ainda se pode encontrar nesta serra é a perdiz-cinzenta.

O PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS foi criado em 1971 tendo comemorado no ano de 2001, os seus 30 anos.

E infelizmente, este aniversário só está a ser marcado por uma boa notícia: a cabra-montesa desaparecida destas paragens há mais de 100 anos, está a voltar.

À parte esta boa nova, dispensam-se certamente as outras novas que de boas não têm nada.

Animais e plantas estão na lista de espécies ameaçadas ou extintas, devido ao fogo, ao pastoreio, à construção de barragens e à pressão turística.

A águia-real é um dos animais em vias de extinção. Só existe um casal conhecido, e esse mesmo está com problemas no seu ciclo de reprodução. De concreto, nada está a ser feito. Há apenas um plano para medidas de repovoamento e de melhoria do habitat.

Na Flora, a mimosa, é considerada um invasor e uma praga, ocupa cerca de 600 hectares só no Vale do Gerês e ela sim, já tem previsto um plano para a sua erradicação: 120 hectares vão ser tratados já este ano.

Lirio do Parque Peneda-Gerês


Lírio do Parque Peneda-Gerês

Lírio do Parque Peneda-Gerês

Azevinho do Parque Peneda -Gerês

Flora do Parque Peneda-Gerês


Flora do Parque Nacional da Peneda-Gerês


A flora das serras do Gerês, Amarela, Peneda e Soajo e dos planaltos da Mourela e Castro Laboreiro é dominado por:

 Carvalhais;

 Formações arbustivas;

 Lameiros;

Vegetação ripícola.

Os carvalhais, com grande expressão na área, ocupam parte dos vales dos rios Ramiscal, Peneda, Gerês e Beredo. Albergam inúmeras riquezas do património florístico e estiveram na base do estabelecimento da Aliança Quercion occidentale, por Braun-Blanquet, Pinto da Silva & Rozeira (1956). Esta é dominada por carvalho-negral Quercus pyrenaica e por carvalho-alvarinho Quercus robur. Na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, esta Aliança engloba duas associações, descritas pelos mesmos autores, nomeadamente:


A Rusceto-Quercetum roboris, que ocorre em altitudes mais baixas e em vertentes mais expostas ao sol, onde se destacam, pela abundância, o carvalho-alvarinho, o sobreiro Quercus suber, a gilbardeira Ruscus aculeatus, o padreiro Acer pseudoplatanus e o azereiro Prunus lusitanica ssp. lusitanica; e


A Myrtilleto-Quercetum roboris, de características mais atlânticas, onde dominam o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral Quercus pyrenaica, acompanhados pelo arando Vaccinum myrtillus, o medronheiro Arbutus unedo e o azevinho Ilex aquifolium.

Em altitudes superiores verifica-se a presença de manchas florestais dominadas por carvalho-negral Quercus pyrenaica atribuíveis, possivelmente, a Holco-Quercetum pyrenaica Br.-Bl., Pinto da Silva e Rozeira (1956), integrável, de acordo com Rivas-Martínez, na Aliança Quercion robori-petraea Tx. 1937.

Os matos dominantes são os:

Tojais - caracterizados pela presença de Ulex minor e Ulex europaeus;

 Urzais - dominados por Erica umbellata e Calluna vulgaris;

Matos de altitude com a presença de zimbro-rasteiro Juniperus comunnis ssp. Alpina e Erica australis ssp. aragonensis;

 Matos higrófilos - compostos por Erica tetralix e E. ciliaris (duas urzes), U. minor (um tojo), orvalhinha Drosera rotundifolia, pinguícola Pinguicula lusitanica, Viola palustris ssp. juressi e a erva Molinia caerulea, entre outras.

TURISMO DE NATUREZA




Serra do Gerês










"Há sítios no mundo que são como certas existência humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles."

Miguel Torga, diário VII

A natureza pura do Parque Nacional da Peneda Gerês, oferecemos 260000 hectares de área protegida. A montanhosa região de recebeu o seu foral, em 1514, por D. Manuel I.

Encontramos em Terras de Bouro o velho "Castro" da Calcedónia, erigido pelos romanos, encontramos também inúmeros marcos milenários e a via romana que ligava Braga a Astorga, localidade conhecida por Geira que é património nacional de Portugal.
Guarda um troço da Via Romana - Geira - com as ruínas das suas pontes e um significativo conjunto de marcos miliários.
Nos termos do Plano de Ordenamento do Parque, classificada como Zona de proteção Parcial da Área de Ambiente Natural.
O Parque Nacional da Peneda-Gerês tem por missão assegurar a preservação desses valores patrimoniais.
Para isso, e por consenso estabelecido entre o PNPG e as entidades locais - Câmara Municipal de Terras de Bouro e Juntas de Freguesia de Rio Caldo, Vilar da Veiga, S. João do Campo e Covide. O Ayuntamento de Lobios e o Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés, foi decidido aplicar um conjunto de normas, com as quais se procura criar alternativas à utilização do trânsito motorizado, através de novas formas de visita àquele espaço.
Poderá descobrir muito do que a Serra do Gerês e do Parque nacional da Peneda-Geres lhe pode oferecer.
O Geres é certamente um dos locais turísticos mais fantásticos em Portugal, conjugando o mais fantástico da pureza do mundo natural com a oferta de lazer e diversão.

Mata de Albergaria

A Mata de Albergaria é um dos mais importantes bosques do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), constituída predominantemente por um carvalhal secular que inclui espécies características da fauna e da flora geresianas.
A baixa presença humana nesta mata não rompeu, até há poucos anos, o frágil equilíbrio do seu ecossistema, cuja riqueza e variedade contribuíram para a sua classificação pelo Conselho da Europa, como uma das Reservas Biogenéticas do Continente Europeu.
Entretanto, o peso humano tornou-se excessivo, em particular nos meses de Verão, e a regeneração dos componentes naturais passou a fazer-se mais lentamente, sendo já visíveis os seus efeitos nocivos.
Não se pretende com estas disposições impedir o natural usufruto da beleza desta Mata. Pretende-se apenas ordenar a sua utilização, sensibilizando para novas formas de contacto com a Natureza, de modo a que os seus valores não saiam prejudicados e não nos vejamos, de futuro, privados de uma floresta que reúne características raras no país.
Apelamos assim à compreensão e à colaboração de todos para que com o Parque Nacional, as autarquias e os residentes congreguem esforços para manter preservada, com toda a sua riqueza, a Reserva Biogenética da Mata de Albergaria, respeitando as seguintes disposições:

1. A velocidade máxima de circulação é de 40 Km/hora;

2. É proibido o estacionamento de quaisquer veículos.

3. Durante os feriados e fins de semana da época de Verão, é proibido todo o trânsito motorizado.
3.1. Aos naturais e residentes do concelho de Terras de Bouro, mediante apresentação de documento de identificação;
3.2. Às viaturas que se dirijam de e para a fronteira, percurso ao longo do qual não poderão efectuar paragens e onde deverá ser respeitado o limite máximo de velocidade indicado no local.
4. Durante os dias úteis será autorizada a circulação de viaturas na Reserva, podendo o PNPG estabelecer impedimento equivalente ao dos fins de semana e feriados, desde que o excesso de tráfego o justifique;
5. É interdito o trânsito de veículos pesados de mercadorias e de passageiros, excepto quando disponham de lotação não superior a 25 lugares ou de lotação compreendida entre os 25 e os 40 lugares.
Apela-se ainda ao respeito pelas normas de conduta habituais em espaços protegidos, tais como caminhar sempre pelos trilhos e caminhos existentes, não recolher plantas nem perturbar a fauna, não deixar lixo, não fazer fogo nem piqueniques.

Reflorestação
Aproveite-se as sinergias que parecem existir na região entre autarcas e a área protegida, para se promover a reflorestação necessária de uma das jóias naturais do país.
Há um Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês que terá certamente áreas de intervenção específica, estabelecendo prioridades para a reflorestação do parque e para a monitorização dos processos de regeneração natural.
Aproveite-se assim as sinergias que parecem existir na região entre autarcas e a área protegida, para se promover a reflorestação necessária de uma das jóias naturais do país.
Uma floresta diferente; uma floresta que reponha um equilíbrio entre a função económica de produtividade silvícola e a conservação de recursos múltiplos que a floresta deve assegurar.

Necrópole Megalítica da Serra Amarela classificada
Distribuída pelo território da Serra Amarela, onde predominam as rochas graníticas, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, numa zona caracterizada pela presença de vales, chãs e outeiros, a necrópole megalítica da Serra Amarela integra, até ao momento, um conjunto de 37 monumentos funerários associados a testemunhos de arte rupestre. 

A necrópole caracteriza -se, na sua maioria, por mamoas que, apesar de mal conservadas, permitem ainda identificar os materiais de construção utilizados nas couraças, neste caso blocos de granito e quartzo leitoso. 
Relativamente às antas, também em granito, e apesar da alteração a que estiveram sujeitas ao longo dos séculos, foi possível identificar em certos casos a disposição original dos esteios, que seriam colocados na vertical, e ainda o corredor de acesso à câmara, bem como gravuras ou pinturas a ocre a que estavam associados.
“Indissociável de um território pautado pela presença do granito e da vegetação rasteira, a necrópole da Serra Amarela representa, assim, não só um caso exemplar do património arqueológico existente na região, como um testemunho da importância paisagística que as construções megalíticas possuem ao longo de vários séculos”.